CÚPULAS MILITARES EM ARTICULAÇÕES POLÍTICAS

Milico pra todo lado

O presidente da República, que desde sua derrota eleitoral, perdeu sua principal ocupação, ou seja, deixou de fazer campanha e motociatas pelo país, retomou no dia de hoje a construção de alguma agenda. E não foi a tradicional Live das quintas-feiras pelo Youtube, foi uma reunião no Palácio da Alvorada (residência que deve abandonar em breve) com os comandantes do Exército, Marco Freire Gomes, da Marinha, Almir Garnier e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, além do ex-ministro da Defesa e candidato a vice no pleito deste ano, general Walter Braga Netto e o advogado-geral da União (AGU), Bruno Bianco.

Muito se especulou sobre o que teria provocado a reunião e sobre o que seria decidido lá, já que ela ocorreu um dia após a decisão do Presidente do TSE em multar o Partido do Presidente, conforme regido pelo artigo 81 do Código Penal Civil, por litigância de má-fé, em R$ 22.991.544,60 (calculado em 2% sobre o valor das urnas que falharam segundo a petição inicial). O anúncio oficial pós-reunião é de que o Presidente se fará presente na cerimônia de formatura da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende que ocorre no próximo sábado dia 26.

O presidente irá ao evento acompanhado por oficiais da Marinha, Aeronáutica e Exército. A sede da Academia é um dos locais onde manifestante de extrema-direita pedem golpe militar para evitar a posse do presidente eleito. A presença de militares, que muito se locupletaram com acúmulo de cargos, vantagens e vencimentos, foi uma constante na gestão que está prestes a se encerrar, embora não tenha reconhecido oficialmente a derrota e não esconda de ninguém sua aspiração golpista.

Por outro lado, a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), intensificou conversações com membros da alta oficialidade das forças armadas para tratar da formação do grupo técnico (GT) da transição sobre a área de Defesa, a única e última que ainda falta a ser montada e começar a trabalhar. Para a montagem desse GT, a ideia dos interlocutores de Lula é dar prioridade nas conversas com ex-dirigentes das três Forças Armadas e mostrar respeito a essas instituições.

Entre os procurados pela equipe de transição estão o ex-comandante do Exército Edson Pujol e o ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Ambos estiveram no governo Bolsonaro, entre 2019 e 2021. O então ministro da Defesa foi demitido após negar maior subordinação das Forças Armadas à gestão presidencial. Em seguida, Pujol e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica pediram demissão.

A intenção do novo governo é nomear um civil para o cargo de Ministro da Defesa. O objetivo é desmilitarizar a política e ao mesmo tempo reverter a politização exacerbada das Forças Armadas em nome da reconstrução nacional.

Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *