No recém reconhecido Geoparque Quarta Colônia, mais especificamente na cidade de São João do Polêsine, na região central do Rio Grande do Sul, mais uma descoberta paleontológica se soma a inúmeros achados fósseis que tem repercutido mundialmente por possibilitarem melhores compreensões da vida no nosso planeta.
O novo fóssil encontrado na localidade trouxe perspectivas promissoras para estudos sobre o desenvolvimento evolutivo de dinossauros e pterossauros. O chamado Venetoraptor gassenae foi escavado por pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no primeiro semestre de 2022, e colocou a ciência brasileira em destaque na última semana. Os fósseis raros de uma ossada desse animal é o mais bem preservado já catalogado.
Considerado o precursor dos pterossauros, a descoberta do Venetoraptor gassenae, reforça a hipótese de que esses animais voadores tenham evoluído de uma variação de formas muito mais ampla do que se supunha anteriormente. A pesquisa, que foi publicada na revista científica Nature, nesse 16 de agosto de 2023, contou com a participação de nove cientistas, sendo quatro brasileiros, três argentinos e dois estadunidenses, e é considerada uma das mais importantes realizadas no Estado.
Foram encontrados mais de 50 fragmentos do animal durante a escavação, e as principais características apontadas, como bico raptorial e mãos com dedos alongados, são consideradas incomuns pelos pesquisadores. Isso porque uma das lacunas que enfraquecia a hipótese de que esses animais pertenceriam ao grupo de antecedentes dos pterossauros, era de que os outros fósseis encontrados não possuíam o dedo anelar alongado, membro que, mais tarde, se desenvolveria e se tornaria a asa dos répteis.
A nova espécie descoberta foi batizada de Venetoraptor gassenae em alusão a ‘Venetoraptor’, (um raptor de Vale Vêneto, região turística localizada na cidade de São João do Polêsine) e uma homenagem a Valserina Maria Bulegon Gassen (de onde o gassenae), política e professora, responsável pela emancipação da cidade de São João do Polêsine, e também uma das principais articuladoras da criação do CAPPA/UFSM.
Apesar de não serem recentes, os estudos de paleontologia no Rio Grande do Sul têm ganhado destaque especial na última década. O estado é a região brasileira com maior número de geoparques mundiais reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com o geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, que é dividido com Santa Catarina, o Quarta Colônia, onde foi descoberto o novo fóssil, e o de Caçapava do Sul. Os dois últimos foram certificados pela Unesco em maio deste ano.